Sumaré ( su·ma·ré ) - Do Tupi-Guarani, significa orquídea silvestre, da qual se extrai uma excelente cola para produção da corda.

Nome popular do Cyrtopodium puntactum, planta da família Orchiadaceae (das orquídeas). Seu habitat é nas matas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goias e Amapá, sendo também encontrada na Costa Rica, na América Central. Foi, em épocas remotas, muito comum nas matas de formação vulcânica.

História do Sumaré

O loteamento

O bairro do Sumaré situa-se num dos lugares mais altos de São Paulo, sobre o espigão divisor de águas dos Rios Tietê e Pinheiros. Partindo do Cemitério do Araçá até a Vila Pompeia, tem em seu eixo as atuais avenidas sequenciais Dr. Arnaldo e Professor Alfonso Bovero, antigas Av. Municipal, e espraia-se por ambas as encostas, ocupando seus vales secundários.

Interessante notar que, enquanto o Pacaembu, a outra parte do sítio Wanderley, fica no fundo do vale e tem como principal artéria a avenida do mesmo nome assentada no fundo desse vale, o Sumaré tem sua principal artéria na Av. Dr. Arnaldo. Esta percorre a crista do espigão que vem desde a Av. Paulista, chegando a aproximar-se de 830m de altitude, a maior da cidade de São Paulo, oferecendo um lindo e vasto panorama.

Enquanto as construções do Pacaembu sobem do vale pelas vertentes, as do Sumaré descem pelas encostas.

“Mas em ambos se encontra o mesmo plano inorgânico, que faz com que as ruas como que se enrosquem nas encostas, numa tentativa de adaptar-se o mais possível à acidentada geografia” (Aroldo de Azevedo, 1958).

A Companhia City, loteadora e urbanizadora do Jardim América em 1916, do Alto da Lapa em 1921, e do Pacaembu ao final da década de 20, serviu de modelo para a Construtora Sumaré. Ela estabeleceu lotes estritamente residenciais de grandes proporções, com um mínimo de 12m de frente por 50m de fundo (com algumas exceções provocadas pela topografia) e ruas arborizadas.

O comércio inicialmente ficou restrito a alguns pontos da Av. Dr. Arnaldo (proximidades da confluência da Rua Oscar Freire e Av. do Araçá) e da Av. Professor Alfonso Bovero (ponto final do ônibus). Açougues, empórios, farmácias, quitandas, entre outros, mantinham comércio de âmbito apenas local. E quando chovia, era difícil andar pelas ruas, os sapatos atolavam na lama pegajosa. Raramente passavam carros, e quando esses ficavam presos no barro, era preciso empurrá-los para sair com dificuldade do atoleiro.

Extraído do Livro : SUMARÉ - GENTE EM BUSCA DA FLOR, de Sylvia Aranha de Oliveira Ribeiro Editora STS Publicações e Serviços Ltda - Novembro de 1999 - SP/SP

A história do bairro

Nos estreitos limites da cidade de São Paulo, no final do XIX, o espigão do eixo atual das avenidas Paulista e Dr. Arnaldo, bem além do “fim do mundo”, começou a ser ocupado, principalmente, devido às suas características de salubridade, como pensava a medicina na época. A Câmara Municipal construiu o Hospital dos Variolosos no cruzamento da estrada dos Pinheiros com a estrada do Araçá, depois de uma das epidemias que assolaram a cidade, em 1878, inaugurando-o em 1888. Um pouco à frente do Hospital do Isolamento, como ficou mais conhecido o Hospital dos Variolosos, abriu-se o Cemitério Municipal (Cemitério do Araçá), numa área de mais de 200 mil m² do lado direito da Avenida Municipal. Por iniciativa do conde José Vicente de Azevedo, em 1898, começou a ser construído o Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento, contíguo ao Araçá. Na mesma época, 1896, a Santa Casa de Misericórdia transferiu o Asilo dos Expostos para o Pacaembu, isolando do contágio hospitalar as crianças desvalidas que ali eram recebidas, numa extensa área de 48 mil m² da Chácara Wanderley.

O reservatório de água do Araçá foi inaugurado em 1908, sofrendo ampliações em 1924. Um incinerador de lixo funcionou entre 1924 e 1948, entre as ruas Arruda Alvim e Dr. Arnaldo. Culminando a função sanitária da região, em 15 de janeiro de 1920 foi lançada a pedra fundamental do prédio da Faculdade de Medicina por Arnaldo Vieira de Carvalho, cuja inauguração se deu em 1931, quando também se trocou o nome da Avenida Municipal para Dr. Arnaldo em homenagem ao médico morto ainda em 1920.

Outra tradição para o espigão da Paulista se abriu em 1934 com a construção da antena da Rádio Difusora São Paulo S.A., prefixo PRF-3, que havia sido constituída em 22 de dezembro de 1933. Na sequência, dezenas se ergueriam no eixo Paulista e Dr. Arnaldo ao longo das décadas seguintes.

ARQUIVO HISTÓRICO DE SÃO PAULO, Informativo Ano 5, N.28, jan/mar 2011. Disponível no site.

Imagem: Reservatório d'água do Araçá, atual Parque Sabesp, em 1928.

Imagem: Mapa original do Sumaré de J. A. Winkler, 1928.

Tombamento do bairro

O bairro do Sumaré foi tombado em 2005, seguindo as iniciativas bem sucedidas de associações de outros bairros jardins, que conseguiram, através desta regulamentação administrativa, preservar a sua concepção urbanística, a qualidade ambiental e consequentemente a qualidade de vida dos respectivos locais e para a cidade na totalidade.

Preservando o Sumaré

Devido às suas calçadas com uma árvore para cada residência, 22 praças, baixa densidade habitacional, extensa vegetação, 30% de permeabilidade do solo e restrições rígidas de ocupação dos terrenos com recuos, o Sumaré é considerado um bairro jardim. Apesar de representarem, em área, um percentual muito pequeno de São Paulo, esses bairros garantem um melhor equilíbrio ambiental urbano da nossa cidade.

Após a apresentação do pedido, com estudos feitos pela Associação de Moradores e Amigos do Sumaré (SOMASU), o bairro foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo - CONPRESP - Resolução 001/2005. Em 2015, houve a Reti-Ratificação pelo mesmo órgão - Resolução 020/2015 - com algumas poucas alterações.

Imagem: Delimitação da área tombada, 2015.